sexta-feira, 16 de novembro de 2012

A comunicação social e o Sporting

A comunicação social é um elemento essencial na vida dos clubes desportivos. Gostando-se ou não, é através dela que a maior parte dos adeptos tem contacto com o que se passa na vida da equipa que gostam. Ter uma televisão ou um jornal do clube é muito giro e até pode ser útil, mas no momento da verdade é a Record, A Bola e a O Jogo que se recorre. Por isso mesmo, é contraproducente para qualquer dirigente provocar uma ruptura  com um membro da imprensa, seja ele qual for.

O anúncio de reatar de relações entre Record e Benfica é ridículo. Havia de facto um litígio em tribunal, mas na verdade em que é que isso afectou a cumplicidade perversa entre os dois lados? O Benfica foi mal tratado? Os jornalistas de Record deixaram de ter entrevistas? Viram os pedidos de credencial recusados? Não, nunca! Na verdade, foi apenas uma maneira de evitar mais custos judiciais numa altura em que Vieira até pode agradecer mais uma campanha favorável durante as eleições, como sempre é numas eleições de um clube: o poder instalado ganha sempre.

E este início serve para quê? Para destacar que o Sporting teima em conseguir encontrar o ponto de equilíbrio da relação com a imprensa. Os tiros nos pés sucedem-se e não há qualquer sentido de respeito imposto pelos seus dirigentes ou gabinete de comunicação. Dar uma entrevista exclusiva com Vercauteren ao jornal no próprio dia em que surge a capa com uma imagem com um claro sentido tendencioso (dizer que não o fizeram é gozar com qualquer pessoas com dois de testa, sportinguista ou não) é ridículo. E mais ridículo se torna quando se percebe que é apenas mais um capítulo de um longo livro.

Não sejamos ignorantes: os jornais estão cheios de sportinguistas. Em cargos de redacção, executivos ou administrativos são vários e existem. No Record, que está agora na berra, António Magalhães e Bernardo Ribeiro entram nesse lote. O jornalismo que fazem não tem de defender o Sporting porque o profissionalismo (num sentido diferente) obriga a que façam o que for necessário para tirar o máximo proveito de cada situação. A diferença é que Alvalade não consegue provocar a sensação de que essas acções terão repercussões.

O MaisFutebol foi barrado depois da polémica de Domingos e Luís Sobral? O Público passou pelo mesmo depois da divulgação do caso dos túneis? E depois? Deu em alguma coisa? Foram actos isolados, o primeiro deles absolutamente ridículo já que a divulgação do vídeo nada teve a ver com o site, que tiveram significado nulo. Agora, mais uma vez, a UEFA decidiu abrir um inquérito por causa dos festejos de Van Wolfswinkel.

Alguém acredita que o Record não foi indirectamente culpado desta acção? Alguém duvida da importância mediática que uma manchete (especialmente deste género) tem a nível internacional? Da mesma forma que a fotografia conveniente de Jeffrén teve? O que se passa é já um aproveitamento de gozo, como alguém que cede à tentação de provocar uma polémica por gozo, mesmo que depois venha esclarecer.

Não tenho dúvida de que nada vai acontecer a Van Wolfswinkel. É um caso que até alguém sem uma ponta de conhecimento jurídico conseguiria ganhar. Além das declarações (que acaba por ser o que vale menos), há toda a sequência de fotos, fracção à frente e fracção atrás, que prova que tudo não passou de um momento conveniente.

O Sporting tem de criar uma barreira. Tem de acabar com este tratamento. Não tem de ameaçar, não tem de impedir que os jornalistas façam o seu trabalho mas tem de se fazer respeitar de forma inequívoca. Dar espaço a entrevistas exclusivas - dão muito jeito para o trabalho de lavagem cerebral que por vezes se tenta impingir - em órgãos que muito recentemente ajudaram a denegrir a imagem é ridículo. É aburso. É parvo.

No fundo, é uma questão de liderança. E se não se tem nos pontos mais importantes, por que haveria de aparecer aqui?

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Sintético em Alvalade? Nunca

Os problemas no relvado no "novo" estádio não são de hoje e dificilmente alguma vez estarão definitivamente resolvidos. O problema é estrutural, de alguém que se preocupou em demasia em fazer uma coisa bonita e artística do que algo funcional, no sentido mais literal.

O estado do relvado é lastimável e há muito que entrámos num ciclo vicioso, mas nem por isso sou favorável à solução que se fala frequentemente. A instalação de um sintético resolveria o problema e diminuiria os custos de manutenção mas, mais uma vez, seria pensar pouco no sentido funcional.

Por mais estrelas ou gerações que tenham, os sintéticos são problemáticos para muitos jogadores. Seja com problemas de músculos, tendões ou ossos, há muito que a solução é mal vista por profissionais. Se o Sporting cedesse à tentação chamada sintético, estaria também definitivamente a subscrever mais problemas durante o mercado de transferências.

Izmailov estaria em Alvalade se fosse sintético? Jeffrén? Rodríguez teria vindo? Não está em causa a qualidade dos três jogadores mencionados, mas sim muitos que no futuro mostrariam outra cautela antes de assinar por um clube que lhe daria grande parte da época a jogar numa superfície artificial. Para uma equipa com muitos problemas - essencialmente financeiros - para atacar o mercado, a agravante do sintético tornaria tudo ainda mais complicado.

Vantagens? Claro que há. Poderia até ser uma vantagem desportiva, como o Spartak Moscovo para conseguir fazer, mas parece-me que a situação ainda não é insustentável para acreditar que não há mais alternativas. Para não falar de que marcaria, muito possivelmente, o adeus definitivo da selecção nacional aos jogos em Alvalade.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Para calar a conversa de vez

É incrível o burburinho que se foi criando com a proximidade do Sporting com os lugares de descida. Quem acreditava ou queria fazer tudo para potenciar essa situação, só poderia estar mal intencionado.

Felizmente, a vitória chegou já este domingo e ajuda a calar de vez com a conversa de treta que chegou a provocar notícias de classificações virtuais com a jornada a meio. E, felizmente, Beira-Mar e Moreirense não pontuaram, senão seria ainda pior.

Foram três pontos e uma vitória que valem muito mais do que isso. Contra um adversário directo, numa altura em que poucos esperavam e num jogo em que a equipa ganha confiança depois de ter segurado uma vantagem, apesar da má experiência de quinta-feira. E, agora, há um excelente input motivacional numa altura em que há dez dias até ao próximo jogo. A roçar a perfeição.

Quanto ao jogo, o golo é limpo e há razões de queixa. Da mesma forma que, num erro menos flagrante (por não ter sido golo e não se saber se seria), Van Wolfswinkel não estava em posição irregular na primeira parte.

E por agora é isto, já que tenho muitas declarações - desde quinta-feira - para actualizar na barra lateral.

Van Wolfswinkel e o jogo com o Sp. Braga

«Trabalhámos muito. Fomos algo felizes no fim, com algumas defesas do Rui Patrício, mas merecemos vencer.»

[sobre o golo anulado a Alan] «O Schaars foi empurrado por trás. Por isso não chegou à bola. Para mim é falta. Penso que foi uma boa decisão.»

[sobre a importância desta vitória] «Queremos continuar a trabalhar duro como temos feito, para melhorarmos, conseguimos mais pontos e subirmos na classificação.»

[sobre a polémica das imagens com o dedo do meio levantado, depois de ter marcado ao Genk] «Sempre que marcou beijo a mão e levanto-a no ar. Foi ilusão. Vi a fotografia, e parece que tenho o dedo do meio levantado, mas não tenho motivos para fazer isso aos adeptos. Eles são fantásticos, apoiam-nos nos bons e nos maus momentos.»

[mas qual o motivo pelo qual não festejou esse golo?] «Estávamos a atravessar um mau momento, e queríamos melhorar.»

[sobre o trabalho de Vercauteren] «É um treinador muito bom. Todos têm uma boa impressão dele. Tem uma boa ideia de futebol e começa a ver-se isso em campo.»

Elias elogia adeptos

"São adeptos maravilhosos. Na hora de cobrar... cobram, mas apoiam sempre. Temos de manter o nosso caminho, independentemente de vencer ou perder os jogos. Há que manter a capacidade de luta e entrega"

"Quando a equipa está mal eu também estou. Preciso da equipa. Trabalho o máximo possível para ajudar"

"A minha cabeça está focada no Sporting e na maneira de contribuir para tirar a equipa da situação em que se encontra. O resto é assunto para o meu pai trata" - sobre interesse do Anzhi

Vercauteren após a vitória sobre o Sp. Braga

“O futuro vai ser duro, mas temos de começar por algum lado. A ambição está aí, mas nada mudou só com uma vitória. O futuro vai ser muito trabalhoso, mas vamos fazer o que estiver ao nosso alcance para tentar ir para os lugares cimeiros, nomeadamente procurar os postos de acesso à Liga dos Campeões”

“Na segunda parte, é verdade que tivemos sorte. Jogámos contra uma óptima equipa que nos criou vários problemas. Mas, na primeira, pertenceram-nos as melhores ocasiões. Ganhámos 1-0 e temos de estar satisfeitos”

“Penso que a decisão foi correcta. Mas, para mim, o árbitro tem sempre razão”

"Estamos contentes com ele [Eric Dier]. É difícil chegar de repente a este nível, mais alto, mas cumpriu. Contou com a ajuda dos companheiros e soube também auxiliar o grupo, inclusive participando no lance do golo"

"Trabalhámos durante a semana para encontrar solução para lateral direito, e tínhamos duas opções: ou criávamos uma adaptação, ou apostávamos num jovem. Havia dois jovens jogadores disponíveis, da equipa B, e a nossa escolha representa a ambição deste clube. Por que não aproveitar a equipa B e lançar jogadores com qualidade? Dier é uma opção para o futuro e esta noite aproveitou bem a oportunidade. Há muito trabalho para fazer, mas é importante para o clube que haja estas opções e que elas correspondam"

"É difícil para mim falar de um jogador só, mas reconheço que Patrício voltou a ser muito importante para nós. Simplesmente, ele está lá como parte da equipa e é assim que analiso as coisas. Capel? esteve muito bem na primeira parte, e tal como a equipa teve um segundo tempo mais difícil. Agora cabe-nos trabalhar para que ele dure os 90 minutos"

"Pedimos um grande esforço a alguns jogadores, em certas posições, e eles podem ter-se ressentido disso. Mas, por outro lado, o final foi difícil porque não tivemos confiança suficiente para acreditar que podíamos continuar a jogar da mesma forma. Quisemos proteger demasiado, e essa é uma questão também mental"

"Pranjic não era a nossa primeira ideia para aquele lugar, resultou da lesão de Izmailov. A partir daí, quis ter um jogador capaz de segurar a bola, controlar o ritmo de jogo e lançar bons passes em profundidade e foi isso que ele fez"

"Disse que ia ver a equipa técnica após o nosso jogo com o Braga. Esse nome [De Boeck] é uma hipótese, mas não é a única, sendo que vamos tomar uma decisão até final da semana"

Godinho Lopes provoca António Salvador

"Hoje temos mais um desafio em Alvalade. O Sporting recebe o Sp. Braga. Tenho uma relação pessoal com o presidente António Salvador e entendi que era interessante darmos pelo nosso museu antes de subirmos à tribuna porque os clubes são feitos com história, o futuro só existe se houver passado e o Sporting tem no seu museu uma transmissão de força em relação ao passado e que projecta o clube no futuro"

"O Sporting tem uma história grande, com 107 anos. A história constrói-se todos os dias e o Sp. Braga é um clube que nós respeitamos. O presidente António Salvador tem feito um excelente trabalho no Sp. Braga. São dois clubes com características e dimensão diferentes e, portanto, as coisas não podem ser comparadas. Num determinado momento, um destes clubes pode estar melhor no futebol e outro melhor noutra modalidade. Mas a história é feita exactamente de um conjunto de sucessos e a própria construção do futuro faz-se com vitórias"

"Desportivamente, não! Está a falar no futebol actual, mas desporto é muito mais do que isso. Temos 44 modalidades mas efectivamente, o Sporting está atrás do Sp. Braga neste momento. Mas ainda temos muito campeonato pela frente e as coisas fazem-se de resultados, com três pontos em disputa todos os jogos, mas a cultura desportiva vai muito para além do futebol"